Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, diz que teve conhecimento do abuso sofrido pela nadadora Joanna Maranhão na infância somente nesta sexta-feira pela Internet. Ele também negou qualquer problema no relacionamento com a atleta.
"Não sabia de nada. Li na Internet agora", afirmou ao UOL Esporte o dirigente, que está na Suíça. Mesmo afirmando que é um problema pessoal da atleta, Nunes manifestou solidariedade com a nadadora de 20 anos.
"Eu não tenho nada que me pronunciar. Mas ela é uma grande atleta, e eu espero que ela supere os seus problemas pessoais e que consiga o índice das Olimpíadas", declarou o presidente.
Joanna, que esteve em Atenas-2004 e era esperada como uma das principais esperanças brasileiras na piscina, afirmou, em entrevista publicada no site Gazeta Esportiva.Net, que foi molestada por um técnico na infância.
"A verdadeira história é que na infância fui molestada pelo meu técnico. Para ser mais exata, quando tinha nove anos. Mas a mente tem um poder incrível e durante todos esses anos eu tentei convencer a mim mesma que nada daquilo tinha acontecido, que tinha sido fruto da minha imaginação. Mas como uma onda muito forte, dez anos depois eu fui tomando consciência de tudo que eu tinha sofrido. Foi muito doloroso, foi um processo lento", revelou a nadadora, que está na França em tratamento.
Para a atleta, o trauma por este problema afetou seu desempenho nas piscinas nos últimos anos. Para Pequim, a nadadora de Pernambuco ainda não tem qualquer índice olímpico. Entre as mulheres, aliás, apenas Flávia Delaroli tem a vaga nos 50 m livre.
"Pela entrevista que ela deu, a gente sente que ela está com vontade de conseguir o índice olímpico e voltar a ser a grande nadadora que ela com 16 anos", analisou.
Em Atenas, aos 17 anos, mesmo sem ganhar medalha, Joanna Maranhão quebrou um tabu que durava 56 anos e se classificou para a final dos 400 m medley. Maranhão foi primeira brasileira desde Piedade Coutinho, em Londres-1948, a chegar a uma final olímpica da natação. Na decisão, acabou em quinto lugar.
Joanna também comentou as rusgas que teve com Nunes por supostas críticas ao seu técnico, Nikita, e a sua mãe. "Conversei com ela recentemente e estes problemas estão superados para mim", completou o dirigente.
A declaração da nadadora deixa a natação feminina ainda mais polêmica depois do doping da nadadora Rebeca Gusmão, que até Pan-Americano era a maior esperança do Brasil nas Olimpíadas de Pequim. Rebeca ainda espera julgamento da Federação Internacional de Natação, mas já perdeu as medalhas dos Jogos do Rio.
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