Campeão pan-americano, o maratonista Franck Caldeira tem pouco mais de dois meses para se preparar para o compromisso mais importante do primeiro semestre, a maratona de Paris. O tempo pode parecer curto, mas o corredor mineiro encontrou tempo para embarcar em um cruzeiro.
Técnico do corredor, o médico Henrique Viana nega que o período pode ser prejudicial. "É uma fase de transição do treinamento, em que o atleta diminui a intensidade. Diminui a qualidade e a quantidade dos esforços. É hora de recarregar as pilhas", garante. Foi ele o primeiro a ser convidado pela empresa Costa Cruzeiros para auxiliar os viajantes na preparação de treinamentos físicos.
Caldeira foi chamado pelo treinador para ajudar nas palestras e ser uma celebridade do navio. A badalação, segundo o técnico, não prejudica a preparação para a maratona de Paris, no dia 6 de abril. "Ele corre de manhã e faz piscina à tarde. Aqui tem uma pista de corrida de 180 metros. Para você ter uma idéia, em Petrópolis, temos uma pista de 200 metros", contou Viana.
Para estar em Pequim, o maratonista precisa ter uma das três melhores marcas brasileiras da prova até o dia 11 de maio, conforme fixado pela Confederação Brasileira de Atletismo. Atualmente, Caldeira é o quinto do país. Marílson dos Santos tem o melhor tempo com o 2h08min37s - conseguida na maratona de Londres.
Viana espera um tempo inferior ao de Marílson, mas superior aos outros dois atletas atualmente classificados para a prova, José Teles (2h12min23) e Vanderlei Cordeiro de Lima (2h12min53). "Em Pádova, na Itália, ano passado, ele parou no quilômetro 37 por causa de uma dor nas costas. Mas a projeção é que ele faria 2h10min. Esperamos uma marca parecida na França", explicou o técnico.
Depois do cruzeiro, o maratonista viaja, no fim de fevereiro, para Cochabamba, na Bolívia, para 40 dias de treinamento na altitude. A cidade está localizada a 2500 metros do nível do mar.
Até o final da semana, Caldeira curte o relaxamento no navio, que percorre um caminho do Rio de Janeiro até Ilhéus (BA) e depois volta ao porto carioca. "Ele é a personalidade mais procurada. É uma pessoa simpática e fala com todo mundo aqui", conta Viana. Para estar ao lado do campeão da maratona do Pan, os turistas desembolsam cerca de US$ 1000 por sete noites e oito dias no navio.
O convite para participar do cruzeiro deverá render ao atleta recurso financeiro para gastar na preparação. "Isso faz parte do treinamento. Pena que a maioria dos atletas não possam utilizar esse recurso", disse o técnico, que ainda cuida de outros atletas em Petrópolis, na região serrana do Rio.
Para competir em Paris, Caldeira não precisará desse dinheiro. A maratona francesa foi escolhida justamente porque todas as despesas são pagas pela organização. A condição climática, que foi a justificativa para a desistência do brasileiro na São Silvestre em 2007, também é favorável.
"Lá [Paris] é totalmente plana. A temperatura deverá estar entre 6 a 12 graus na largada. E, na chegada, entre 12 a 15. São condições ideais. Essa maratona está entre as top 5 do mundo", completou Viana, que ainda terá Cosme Anselmo, sexto melhor tempo do país, na equipe em Paris.
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